sexta-feira, 13 de março de 2009

A CHEIA
Minervino Wanderley Siqueira

Assu. Noite de inverno. O extraordinário rio
Pela várzea descendo, espumante, ligeiro,
Prateia a estrada escura, e, no vale sombrio,
Desperta o coaxar do sapo prazenteiro.

Sopra um vento veloz, murmurante, frio,
Parecendo abafar a voz do canoeiro...
E, mais além, se perde o agourento pio
Do begro corujão, presago, feiticeiro.

Ao grito – Água na porta! – acorda a caboclada,
Alvoroço e clamor, nem sinal da alvorada...
E os barrancos se enchendo, e as águas cachoeirando...

No entanto, quando sol desperta os passarinhos,
Trilhando sobre a lama espessa dos caminhos,
De enxada ao ombro, segue o lavrador, cantando...

VALE DO AÇU
Edinor Avelino

Açu, ditoso vale. Expressão, harmonia
Para um hino vibrante, um poema superior.
Obra prima, que o artista, arrebatado, cria
Cantando a formosura e o amor.

Terra fértil. Visão que o habitante extasia
Terna mão lhe estendendo o seio acolhedor,
Onde lhe achou a paz, a esperança, a alegria,
A abundância da seara e o perfume da flor.

Jardim da inspiração. Retiro doce e brando.
Cercanias que têm rebanho e têm zagais.
Várzea aonde o rio vai, claro, se debruçando,

A distância a vencer com as águas musicais,
E onde se escuta a voz dos pássaros louvando
A seiva e a ostentação dos verdes carnaubais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário