terça-feira, 24 de março de 2009

POVOAMENTO DA BACIA DO PIRANHAS


(Pintura de Eckhout, representando dança dos índios Tarairiú)

Os mais antigos sinais de ocupação humana na Bacia do Rio Piranhas chegam a 10 ou 12 mil anos atrás, numa época em que provavelmente ainda existiam tigres dentes-de-sabre, mastodontes, paleolamas, preguiças e tatus gigantes. Os sítios arqueológicos da região comportam pinturas e inscrições rupestres pertencentes a três tradições distintas, chamadas pelos pesquisadores de Tradição Nordeste (com pinturas de cenas diversificadas), Tradição Agreste (com pinturas menos variadas) e Tradição das Itaquatiaras (com inscrições circulares e espiraladas feitas nas proximidades dos cursos de água).

Na época da colonização, a Bacia do Piranhas era habitada por índios Tarairiú em quase toda a sua extensão, e pelos Potiguara, restritos à região do delta.Os índios Tarairiú chamavam o rio Açu de Otschunog e o vale do Açu de Kuniangeya.Os colonizadores usaram, entre outros nomes, 'Rio dos Canibais', em referência ao costume dos índios de devorar parentes mortos e inimigos capturados em batalha.

Os índios que habitavam o sertão nordestino estavam divididos em muitos grupos. Os Cariri habitavam o sertão paraibano, enquanto os Tarairiú se diviviam em Javó, Pega, Sucuru, Canindé, Paiacu e Jenipapo e habitavam o território que viria a ser o Rio Grande do Norte. Os Tarairiú também ficaram conhecidos como Janduí (nhandu-i: pequena ema), nome usado também para identificar um de seus chefes na época da colonização, o famoso 'Rei Janduí', também chamado de Drarug. Outros chefes tarairiús foram Cara-cara e Canindé.

Viviam da caça, que incluía répteis, mamíferos e aves (inclusive, emas). Praticavam a pesca, sobretudo nas lagoas, como a de Bavatag (mais tarde chamada de Piató), onde os peixes eram abundantes. Faziam a coleta de frutos e de mel silvestre e, ainda, a agricultura, com cultivos de batata, milho, amendoim e mandioca. Eram grandes corredores e guerreiros ferozes, que amedrontavam os colonos.

Os Tarairiú foram dominados no fim da Guerra dos Bárbaros, que ocorreu na bacia do rio Piranhas entre os fins do Século XVII e início do Século XVIII. Esses índios se haviam unindo para enfrentar os colonos luso-brasileiros, que desciam com os rebanhos de gado e tomavam-lhes as terras. Resistiram por muito tempo, aproveitando-se do conhecimento que tinham do território, como também de armas de fogo e de cavalos. Sem condições de resistir às diversas expedições organizadas pelo governo colonial, os Tarairiú que não foram mortos acabaram aceitando o aldeamento (ou seja, viver conforme as normas trazidas pelos padres catequistas). Outros fugiram para regiões mais remotas do interior.

Consolidou-se, então, a colonização, com o estabelecimento de várias fazendas fundadas por colonos que chegavam pelo sertão, acompanhando o leito do rio Piranhas, ou que penetravam através do delta. Formou-se uma sociedade patriarcal católica, baseada na pecuária e na agricultura de brejos, várzeas e tabuleiros.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

MEDEIROS, Olavo de. Índios do Açu e Seridó. Natal-RN, Sebo Vermelho, Edição Fac-similar, 2011.

SANTOS, Valdeci, PORPINO, Kleberson de Oliveira, SILVA, Abrahão Sanderson da. A Megafauna Extinta e os Artefatos Culturais de um Tanque Natural na Região Central do Rio Grande do Norte (Artigo publicado em CONTEXTO: Revista da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UERN, Vol. 3, Nº 3, 2008).

FORMAÇÃO GEOLÓGICA NA PORÇÃO NORTE-RIO-GRANDENSE


(O mapa acima foi escaneado do livro Atlas do Rio Grande do Norte, de José Lacerda A. Filipe e Edilson Alves de Carvalo, Editora Grafeset, Natal, 2001)

A Bacia do Piranhas abrange terrenos do Escudo Cristalino Pré-Cambriano (Província Borborema) e terrenos sedimentares mesozóicos e cenozóicos (Bacia Potiguar). O momento mais importante de sua formação foi o processo de rifteamento que separou a América do Sul da África, iniciado há 180 milhões de anos.

No Rio Grande do Norte, a Bacia do Piranhas apresenta 5 formações geológicas distintas:
- Cristalino (do período Pré-Cambriano): Superior a 500 milhões de anos;
- Arenito-Açu (da Era Mesozóica: Cretáceo): Entre 140 e 65 milhões de anos;
- Calcário-Jandaíra (da Era Mesozóica: Cretáceo): Entre 140 e 65 milhões de anos;
- Barreiras (da Era Cenozóica: Terciário e Quaternário): Inferior a 100 milhões de anos;
- Dunas (da Era Cenozóica: Quaternário): Inferior a 1 milhão de anos.

Na porção paraibana da Bacia do Piranhas, verifica-se a ocorrência de fósseis datados da Era Mesozóica e exemplares da megafauna cenozóica, a exemplo dos achados no leito do rio do Peixe, no município de Souza (PB).

OCORRÊNCIAS DE MINÉRIOS NA BACIA DO PIRANHAS


(O mapa acima foi escaneado do livro Atlas do Rio Grande do Norte, de José Lacerda A. Filipe e Edilson Alves de Carvalo, Editora Grafser, Natal, 2001)

A seguir, a lista dos principais minerais encontrados na porção norte-rio-grandense da Bacia do Piranhas, bem como seus usos mais comuns:
Amianto - Construções, tubulações, vestuário. Cancerígeno.
Argila - Construções, cerâmica, isolantes, tratamento de saúde.
Barita - Indústria petrolífera, fabricação de tintas e de papel.
Berilo - Joalheria.
Calcário - Construções.
Cassiterita - Mineral de onde se extrai o metal estanho, de amplo uso industrial.
Caulim - Fabricação de papel, cerâmicas e tintas.
Columbita - Mineral de onde se extrai o nióbio.
Corindon - Joalheria.
Enxofre - Fabricação de fertilizantes, pólvora, medicamentos e inseticidas.
Hematita - Mineral de onde se extrai o ferro, de amplo uso industrial.
Fluorita - Utilizada em siderurgia, na obtenção do ácido fluorídrico, na produção de flúor e ítrio, na indústria de vidros, esmaltes, instrumentos ópticos e cerâmica.
Gás natural - Geração de energia
Gipsita - Mineral de onde se extrai o gesso, usado em revestimento e tratamentos ortopédicos.
Mármore - Construções e escultura.
Mica - Usado na indústria de materiais elétricos.
Monazita - Fonte importante de tório, lantânio e cério.
Ouro - Joalheria e circuitos elétricos.
Petróleo - Fonte de energia e amplo uso na indústria química.
Sal marinho - Uso doméstico e na indústria química.
Scheelita - Mineral de onde se extrai o tungstênio, usado na produção de materiais elétricos.
Talco - Utilizado como isolamento térmico e eléctrico, fabrico de artigos em cerâmica, pó de talco, lubrificante, base para tintas, papel, borrachas, plásticos, aditivo alimentar e produtos farmacêuticos.
Tantalita - Indústria eletrônica.

segunda-feira, 23 de março de 2009

MAIS FOTOS DA CHEIA DE 1974





Mais fotos da cheia de 1974 em Carnaubais, desta vez cedidas pela Profª Marluce.

quarta-feira, 18 de março de 2009

FOTOS DA CHEIA DE 1974 EM CARNAUBAIS







As fotos acima foram gentilmente cedidas pela sra. Zulmira Filadelfo e mostram cenas da enchente de 1974, que inundou a cidade de Carnaubais.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Bacia do Piranhas/Açu



A Bacia do Piranhas/Açu abrange terras dos Estados de Paraíba e Rio Grande do Norte. Cobre uma área total de 43.756 km, sendo que 17.785Km (40,6% da área total da bacia) estão localizados no Estado do Rio Grande do Norte, correspondendo a 34,7% da superfície estadual. Integra 149 municípios, sendo 102 paraibanos e 47 norte-rio-grandenses.

CARNAUBAIS

Antônio Pessoa Leite*

Rio Açu, na sua margem
Há muito tempo passado,
Se formou um povoado,
Velho POÇO DE VAVAGEM,
Espécie de estalagem
Para onde o povo ia
Quase que em romaria
Nos dezembros,sem faltar,
Depois, passou a chamar
De VILA DE SANTA LUZIA.

Fez-se ali uma capela
Reformando a que havia,
IGREJA SANTA LUZIA
Foi nome que deram a ela.
Os muitos devotos dela
O seu dia festejavam,
À noite toda passavam
Perto à capela pequena
Onde rezavam novena
De manhã, MISSA rezavam.

Composta de poucas ruas
E, bem no centro, o mercado,
Aberto só de um lado,
E nos pólos do quadrado,
Duas bodegas tinham.
Vendendo pinga demais
Pra velho ou rapaz,
Seja pobre ou marajás,
Sem brigas e sem intrigas,
Nas feiras dominicais.

Século XX na metade,
Ao povo, dando flagelo
Que prum alto paralelo
Fez da cidade mudança.
Seu nome, como lembrança,
Se conservou nos anais.
Hoje relembra ancestrais
E um clima alvissareiro
Nas plagas dum tabuleiro
Agora sou CARNAUBAIS.

* Antônio Pessoa Leite, poeta natural das terras de Carnaubais, mas que se mudou para a cidade de Macau, onde ocupou cargos públicos. Aluízio Lacerda escreveu um livro sobre ele. Procure conhecer!